Que o brasileiro Boris Kossoy é dono de uma vasta obra teórica sobre fotografia todos sabem. Que é respeitadíssimo aqui e no exterior como pesquisador também é de domínio publico. O que muita gente ignora é a qualidade de seu trabalho como fotografo.
Kossoy, filho de pai oriundo da Ucrânia e mãe polonesa ou alemã (“Há uma controvérsia”, diz Kossoy) nasceu em 1941 e passou parte da infância em um sitio de seus pais em Guarulhos, depois disso morou no centro de São Paulo, no bairro dos Campos Elíseos, lugar que até hoje reúne diversos palacetes centenários. Estudou desde o ensino fundamentar até se formar arquiteto no Colégio Presbiteriano Mackenzie (hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie). Leitor vorás já na infância começou a formar seu estilo intelectual e inquieto através de livros do Edgar Alan Poe, Fiodór Dostoiévski e mais tarde Sigmund Freud e Karl Marx.
Para Boris Kossoy a fotografia não é simples registro e também não se trata da verdade absoluta, para ele a fotografia é uma “interpretação de uma realidade”. Pensamento esse bem retratado na sua série “Viagem pelo Fantástico” que trás diversas imagens com elementos surrealistas. Uma das mais famosas, “Surpresa na estrada”, trás a figura de um arlequim a beira de uma estrada cheia de lama, quase como uma figura folclórica que nunca deveria ser vista, mas foi pego de surpresa. Ainda mostra muitas imagens com um boneco que faz figuração e suas composições. Alem de diversas situações inusitadas como, por exemplo, um maestro regendo túmulos em um cemitério e uma noiva na estação de trem.
Outra série muito comentada do fotógrafo foi “Cartões Antipostais” e exprime uma critica social por meio de fotos da situação precária da periferia de muitas cidades, num antagonismo claro ao lema da ditadura dos anos 70: “Brasil, ame-o ou deixe-o” que cultuava imagens ufanistas, o futebol e o carnaval. A critica torna-se ainda mais clara na celebre fotografia da estátua da Justiça distorcida por uma lente Grande angular e com o céu muito escuro conseguido através de filtros.
Há diversas outras séries do fotógrafo de qualidade indiscutível, de um rebuscamento técnico impressionante. Nem todo bom fotografo é um bom teórico e nem todo bom estudioso do tema fotografia é um bom fotógrafo, Boris Kossoy é um caso à parte.
Referencias:Fotografe Melhor – nº 167 Agosto 2010
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens/livros/boris-kossoy/